Mudaram os tempos... As gerações de 40, 50 e 60, quando saiam às ruas para pedir liberdade e democracia,
nos anos da tortura, da censura, da desesperança e da morte, o
faziam, muitos com medo, mas dispostos a morrer, se preciso fosse, para
devolver aos brasileiros um país que fora ocupado por extremistas e doentes
mentais de toda ordem, ao seu verdadeiro povo. Éramos, também, jovens e adultos,
nascidos na classe média, mas naqueles longos e tenebrosos anos, não
tínhamos nossa voz e nossas crenças multiplicadas pela mídia. Éramos retratados como arruaceiros,
subversivos, comunistas, terroristas. Mas éramos apenas jovens, de corpo e de
coração. Naqueles tempos, também, diferente do que acontece hoje, a polícia
militar, a pé, a cavalo, em cima de tanques vinha com tudo, batia com força,
com prazer mórbido, sem dó nem piedade. Hoje, o que vemos, são os membros da polícia militar tirando fotos com os participantes. Com a coragem que tínhamos
conseguimos mudar o país para que hoje todos pudessem exercer a sua cidadania,
lutar por seus direitos livremente, como estão fazendo. Não gosto do que está ocorrendo, tem razão quem se revolta. Repudiar a corrupção é um dever do povo. Desejamos todos que o país melhore, e para isso, é preciso lutar, é preciso sair às ruas
democraticamente e dizer o que se quer. Mas, infelizmente
não é isso o que está acontecendo. Hoje, as ousadias cívico-políticas, coloridas
e perfumadas, tem como integrantes jovens e adultos, também da classe média, com seu festival de fotos,
postadas em redes sociais, destilando o seu ódio, mas que não sabem a que
vieram e nem o que querem. Um ódio, uma
histeria coletiva com pedidos infundados, impeachment, por exemplo, impossível, a volta do regime militar, inacreditável e ridículo. Mostram cartazes de
caráter e sentido duvidosos e grosseiros. Falta lucidez e sobra ódio e
preconceito. Parece que não conhecem a história do Brasil. Não seria mais
interessante ir à luta para exigir somente as tão necessárias mudanças, sem perder a classe, a razão e a ternura?