A elegância, como traço natural distintivo da delicadeza da alma, a que vem do interior, devia ser própria
do ser humano, principalmente da mulher. E aqui estou para falar de uma mulher
verdadeiramente elegante, minha mãe, que hoje completaria 85 anos. A elegância
não se limita às vestes. É, antes de tudo, um jeito característico de portar-se
e de falar. O porte dela dizia tudo: altivo, mas não prepotente; humilde, mas não
subserviente; nobre, mas não afetado – assim era a Dona
Élia. Uma mulher adorável que sabia até como cruzar as pernas graciosamente. O
próprio modo como segurava o cigarro era característico, sem a vulgaridade tão
comum em muitos que fumam, sem artificialidade. Colares e brincos, de esmeralda ou safira, joias pesadas,
nela indicavam leveza. Possuía uma força de alma inquebrantável, e o olhar era significativo,
expressivo, mas ao mesmo tempo, singelo e altivo. Havia toda uma seriedade em
sua fisionomia que se destacava em relação aos sorrisos fáceis de hoje em dia.
Não que ela não sorrisse, mas sabia quando sorrir. O mundo de hoje anseia por mulheres como ela. Quisera
eu, que um dia, meus filhos pudessem dizer a meu respeito, um terço do que eu aqui estou
dizendo, mas, foi o que eu vi, admirei e lembro da avó de vocês, minha mãe. Ela,
com todas as limitações que lhe impunham a época e as condições, sejam na área cultural, acadêmica ou social, foi uma mulher elegante, uma grande Dama!